Toda criança já ouviu isso, principalmente eu. Quando eu era pequena todo mundo me perguntava e minha resposta ia mudando conforme o tempo. Gosto das respostas das crianças porque elas não respondem pensando no dinheiro que irão ganhar, se é uma boa oportunidade de ficarem famosas ou se é fácil ou não passar no vestibular. A mágica de perguntar isso a elas é poder perceber que elas são tão puras (nem todas, né, essa criançada ta mudando cada vez mais...) que elas vão responder que querem ser algo relacionado ao que gostam. Um garoto que estudava comigo, por exemplo, queria ser fazendeiro. E por que? Porque ele tinha gostado de ir num hotel fazenda com os pais uma vez. Quer coisa mais inocente que isso? (claro que hoje ele não é fazendeiro, mas ninguém precisa saber)
Quando eu era criança, eu mudei muito de opinião. E vou confessar que não me lembro de muitas das minhas respostas, talvez seja melhor perguntar pra minha mãe sobre isso. Mas me lembro de já querer ser princesa. Aham, como uma profissão mesmo. Ao crescer quis ser dentista. Sim, eu nunca tive medo de dentista e pra falar a verdade eu queria ser porque adorava/adoro o cheiro do consultório, o gosto do flúor e de como todos os dentistas que cuidaram dos meus dentes diziam que eu tinha a arcária dentária perfeita! Uma boa parte da minha vida eu quis ser veterinária (que criança nunca?) porque eu gosto de animais, essa é clássica! Mas desisti quando meu pai me disse que a prima dele tinha se formado, mas desistiu porque ela tinha que ficar enfiando a mão na bunda das vacas pra cuidar delas e era isso que aconteceria comigo (valeu, pai, nem destruiu meus sonhos, heim). Já quis ser astronauta porque amo as estrelas, mas desisti quando descobri que astronomia precisa saber muita matemática (o que eu sou praticamente alérgica). Sempre quis ser detetive também, do tipo daqueles particulares como Sherlock Holmes ou uma espiã como 007 e Agente Teen (sou frustrada com isso, pra falar a verdade). Fazer artes cênicas, eu que sempre fui tímida (pelo menos até conhecer a pessoa ou em um local público) queria ser atriz e viver disso... ainda bem que desisti. Já pensei em fazer direito.. mas isso eu já nem era criança mais, só que a ideia não vingou, não durou nem dois dias. Quis e ainda quero ser escritora! Assim como a JK Rowling, apesar de não gostar de lerem minhas estórias... não até eu terminá-las e deixá-las perfeitas.
E fui seguindo com as carreiras de Letras e Jornalismo, até ler um livro que mudou completamente minha cabeça e posso dizer que minha vida também: "O Futuro Da Humanidade", de Augusto Cury. Eu sinceramente aplaudo de pé e tiro meu chapéu para esse autor, que talvez tenha até salvado a minha vida. E ele me aproximou cada vez mais da psiquiatria. Ele estimulou e acordou meu lado curioso de investigador, o apaixonado por mistérios, o explorador em mim. O lado que gritava/grita pedindo para ser detetive, trabalhar para a polícia, solucionar crimes ou apenas salvar alguém de seus próprios fantasmas, um psiquiatra. Alguém frio, calculista, que entra no seu interior, revela seus pensamentos e é capaz de salvar vidas assim. Eu queria e ainda quero fazer isso, mas eu cursando medicina? É para fazer rir... Não acho que alguém acreditaria que eu tenho essa capacidade, nem eu mesma.
Então para fazer a difícil escolha de ano de vestibular, o que eu quero ser quando crescer, para o resto da minha vida, do que eu gosto? o que eu quero? o que eu preciso? Minha imaginação me leva longe, mas morrer de fome tentando ser uma escritora bem sucedida não está nos meus planos. E cursando jornalismo eu posso me encontrar, posso escrever, posso investigar, posso criar. E eu quero isso, quero a loucura, a correria, nada de repórter ou âncora, quero produzir um programa, criar blocos, procurar e pesquisar temas, quero ser produtora. Porque é a função que se encaixa em tudo que eu gosto, já que aliás até um pouco de psiquiatra preciso ser para entender a mente de cada um que estará ligado a mim. Mas e a música? Essa minha paixão.. onde ela entra? Não sei, produtora musical, talvez? Cercada de artistas, mas não ser o centro das atenções, ser a responsável pelo sucesso de um show, correr de um lado pro outro para que tudo esteja perfeito, solucionar problemas repentinos, criar eventos, quero ser a responsável por isso.
Como podem ver eu ainda tenho dúvidas, mas eu acredito que eu esteja no caminho certo. Não gosto que me perguntem o que eu tenho em mente para o meu futuro porque eu não sei, eu estou apenas seguindo a vida, estudando e vendo que caminhos ela me oferece, pois vai caber a mim decidir e no tempo certo e não na época em que eu mais estou confusa, que é a adolescência. No momento preciso de estágios para saber onde eu me encaixo, onde eu atuo melhor, preciso correr atrás e acho que é o mais difícil pra mim. Porque se eu fizer isso significa que eu vou estar oficialmente abandonando o que eu mais gosto em mim (talvez a única coisa), a minha inocência, minha ingenuidade, minha criança interior. Eu tenho medo do mundo, mas ele quem devia ter medo de mim, porque quando eu decidir enfrentá-lo, ele vai tremer. Então que venham as oportunidades, que venham mais indecisões, mais certezas, mais desafios. A cada dia eu me fortaleço mais e mais para poder combatê-los.
xx